A SEGURANÇA DIGITAL E OS ALGORITMOS: UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA NA TOMADA DE DECISÃO

17 de julho de 2025 - Segurança Digital

(Lucas Poganski)

A expansão da sociedade para o ambiente digital transformou a forma como  interagimos, trabalhamos e nos comunicamos. As questões sociais, econômicas e  políticas agora se manifestam e se consolidam em plataformas online, trazendo tanto  oportunidades quanto desafios. Embora a digitalização da vida ofereça inovações e  conectividade sem precedentes, ela também expõe os indivíduos a riscos significativos,  incluindo a violação de direitos fundamentais.

Os algoritmos que governam as plataformas digitais desempenham um papel  crucial na formação das experiências online dos usuários. Eles determinam o que os  usuários veem, em que ordem e com que frequência, influenciando assim suas  percepções e interações. 

A personalização do conteúdo por meio de algoritmos pode ter implicações  significativas na forma como os usuários interagem com o conteúdo uns com os outros.  Uma das principais preocupações é a criação de “bolhas de filtro”, onde os usuários são  expostos apenas a informações que reforçam suas crenças e opiniões existentes. 

Não obstante, esses mecanismos digitais podem apresentar riscos significativos  para a segurança digital, incluindo a manipulação de informações, a disseminação de  desinformação e a violação de privacidade. Esses instrumentos podem ser utilizados  para direcionar conteúdo personalizado aos usuários, muitas vezes sem transparência ou  controle, o que pode levar à exposição a informações enganosas ou prejudiciais. 

Atualmente, no arcabouço legal brasileiro, podemos contar apenas com a Lei do  Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14), que foi um importante passo para estabelecer  direitos e garantias para os usuários da internet no Brasil. No entanto, como qualquer  legislação, ela tem seus pontos fracos e limitações, como a ausência de mecanismos  direto de intervenção sob o conteúdo, a fraca previsibilidade da responsabilidade dos  provedores de aplicativos, e o status imoderado de supra princípio da liberdade  de expressão à frente dos demais.

Embora os usuários mantenham certa capacidade de autodeterminação, a  programação algorítmica das plataformas influencia significativamente suas  preferências e o conteúdo que consomem. Embora a decisão final sobre o consumo de  conteúdo pertença ao usuário, ela ocorre dentro de um contexto moldado pelos  algoritmos. Esse processo pode limitar a capacidade de emancipação, fornecendo uma visão distorcida da realidade e comprometendo o exercício efetivo da cidadania.

Essa lacuna regulatória fomenta um ambiente propício para a disseminação exponencial de desinformação, a criação de bolhas ideológicas que minam o debate público plural e a exploração de vieses cognitivos para fins comerciais e políticos. A manipulação algorítmica, evidenciada em escândalos internacionais e no cotidiano da polarização, não apenas compromete a autonomia individual na tomada de decisões, mas também representa uma ameaça tangível aos alicerces da democracia.